“Reforma foi feita para agradar o mercado, os banqueiros e as multinacionais”, acusa sindicalista

BELO HORIZONTE/MG – Em passagem pela capital mineira, em 5 de outubro, o secretário de Relações Sindicais da Força Sindical, Geraldino dos Santos Silva, considerou péssimo o contexto para os trabalhadores e para a representação sindical, por que a reforma trabalhista e sindical foi feita para atender a vontade do mercado, dos banqueiros e multinacionais, sem discutir o tema como deveriam.

O sindicalista concorda com a necessidade de promover reformas nos campos trabalhista e previdenciário, mas não nos termos em que estão propostos, em que são retirados direitos dos trabalhadores e atacada organização sindical. Quanto ao fim do imposto sindical, ele denunciou que a extinção ocorreu “da noite para o dia”, sem que fosse apresentada alternativa de substituição.

Em conversa com Vandeir Messias, presidente da Força Minas, Geraldino afirmou que a reforma trabalhista mostrará, a partir de 11 de novembro, quando passará a vigorar, que o objetivo da medida é tornar mais precária a condição de trabalho e reduzir os salários, para que as empresas ganhem mais.

“O próprio governo perderá com a reforma”, avisou o secretário da Força, pois verá reduzida a arrecadação do Fundo de Garantia (FGTS) e do Imposto de Renda sobre os salários.

“REFORMA HORROROSA”

O sindicalista também classificou a reforma previdenciária de “horrorosa”, por propor mudanças para o setor que nada deve à Previdência Social, que são os trabalhadores, especialmente os que atuam com carteira assinada na indústria e no comércio.

“Enquanto isso, a proposta seque livrando os grandes devedores do setor, cuja dívida é maior do que o “déficit” apontado pelo governo federal”, acusou o sindicalista, que denunciou o privilégio das grandes aposentadorias, que não serão afetadas, poupando poucos que ganham muito. Já os trabalhadores, que ganham pouco, sofrerão redução drástica no benefício, pois os salários pagos são baixos, lamentou o dirigente da Força, que prometeu resistência, em nome do cidadão comum e da grande massa de trabalhadores.

Geraldino dos Santos Silva lembrou a reunião extraordinária do Conselho Nacional da Força Sindical, realizada em São Paulo, no dia 28 de setembro, na qual o presidente nacional da Central, Paulo Pereira da Silva – o “Paulinho da Força” -, pregou a prática da pressão com negociação.

GOVERNO NÃO COBRA DE QUEM DEVE

Maior devedora da Previdência Social, entre as empresas que ainda estão em atividade, a JBS está envolvida no escândalo de corrupção de políticos e na acusação contra o presidente Michel Temer.

O frigorífico tem quase R$ 2,4 bilhões em débitos de natureza previdenciária inscritos na Dívida Ativa da União. Na lista dos maiores devedores, aparece atrás apenas da falida companhia aérea Varig, que deve R$ 3,9 bilhões. Outras duas empresas aéreas aparecem no top 5: a Vasp, que deve R$ 1,9 bilhão, e a Transbrasil, com dívida de R$ 1,3 bilhão.

Os dados estão atualizados até 18 de abril e foram fornecidos pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ao deputado federal Sandro Alex (PSD-PR), atendendo a um requerimento do parlamentar.

Na maioria, as empresas inscritas na dívida ativa do INSS deixaram de depositar a contribuição patronal à Previdência, que em geral corresponde a 20% da folha de pagamento.

OS 10 MAIORES DEVEDORES

1.    Varig – Dívida de R$ 3,891 bilhões

2.    JBS – R$ 2,395 bilhões

3.    Vasp – R$ 1,916 bilhão

4.     Associação Educacional Luterana do Brasil – R$ 1,783 bilhão

5.    Transbrasil – R$ 1,319 bilhão

6.    Marfrig – R$ 1,162 bilhão

7.    Instituto Candango de Solidariedade – R$ 851 milhões

8.    Instituto Presbiteriano Mackenzie – R$ 789 milhões

9.    Fundação Universidade de Caxias do Sul – R$ 748 milhões

10. Teka – R$ 743 milhões

Fonte: Renato Ilha, jornalista (MTb 10.300) – Força Sindical Minas